sábado, 10 de julho de 2010

As perspectivas continuam a ser infinitas...

Desde que comecei a viajar, vivo com a contradição de por um lado, querer voltar aos sítios que visito, pois há sempre algo mais para ver e explorar, e por outro lado, querer conhecer outros locais, outros destinos, outras realidades. E assim fui viajando com a convicção assumida de não repetir destinos e locais, pois o mundo é tão vasto e o tempo e dinheiro que eu tenho para viajar são infinitamente menos vastos!

A vida no entanto, troca-nos as voltas e dou por mim à procura de um novo grupo de companheiros de viagem. A oportunidade surge com a perspectiva de uma viagem ao Peru, país que tive a oportunidade de visitar em 2004. E lá se vão as convicções e as assumpções em não repetir viagens!

Como sou uma eterna optimista que acredita em perspectivas infinitas, cá estou a planear esta nova viagem, com a certeza de que será um regresso feliz e de que terei a oportunidade de explorar aspectos que na altura apenas foram vislumbrados.

Em 2004, a viagem levou-nos até Lima, Cusco, Machu Picchu (com o percurso pelo caminho Inca de 2 dias), Puno, Islas de Uros e Isla Taquile no Lago Titicaca, Arequipa, Canyon de Colca, Ica e linhas de Nazca, Pisco e Islas Balestas (as Galápagos dos pobres) e regresso a Lima.


Lima-Plaza Mayor.


Ruínas Incas de Sacsayhuaman com a cidade de Cusco ao fundo.


Machu Picchu -vista da Porta do Sol (Intipunku), na manhã do segundo dia do Inca Trail.


 
De barco entre duas das Islas de Uros (ilhas flutuantes) no Lago Titicaca.


Festival religioso-pagão na Isla Taquile (Lago Titicaca).


Foi uma viagem à aventura (mais uma!) em que, para além do voo interno, do alojamento para as primeiras noites em Lima e Cusco e do aluguer do carro, apenas estava contratado o percurso para o caminho Inca - por razões logísticas, pois existem restrições ao número diário de pessoas permitido nas montanhas até Machu Picchu (turistas, guias, carregadores, cozinheiros e outro pessoal de apoio). A restante viagem decorreu como já era habitual com o percurso geral delineado, mas com os pormenores a serem decididos dia a dia, consoante nos aparecia algo de interesse que justificasse um desvio ou a pernoita nalgum sítio não planeado.

Condor no seu voo matinal no Canyon de Colca (valeu a pena sair de Arequipa às 2h00 da manhã!)


Sobrevoando de avioneta as Linhas de Nazca - o colibri em grande plano.


Islas Ballestas - a diversidade de espécies valeu-lhe o epíteto de "Galápagos dos pobres".


Desta vez o plano está feito e não haverá espaço para desvios. Será a minha primeira vez com uma viagem totalmente organizada, embora seja para um grupo restrito, o que poderá permitir alguma margem de manobra.
Pergunto-me como será a minha adaptação, pois nem a viagem à China, com todos os obstáculos (línguisticos, legais, etc) foi organizada assim!

E começo a sonhar com mais viagens à descoberta. Terras distantes, exóticas...



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um outro feliz acaso

Cuba 2007
– quando adivinharia eu que as férias seriam em Dezembro e nas Caraíbas? Sol e praia? Eu gosto é de aventura e descoberta! Mas depois de adiar por diversas vezes a viagem desejada (2007 era o ano para Índia ou Argentina), Cuba acabou por ser o consenso de vontades de amigos que há muito viajam juntos e que precisavam retemperar forças ainda antes do ano acabar.

Entro no avião a sorrir – para mim, para o mundo. Uma viagem traz sempre perspectivas infinitas e perante isto só posso sorrir!

No voo revê-se o plano da viagem e acertam-se mais uns detalhes para contentar as vontades de todos. E umas (muitas!) horas mais tarde chegamos a La Habana – são 10 da noite o que equivale a dizer 03 da madrugada em Portugal!

O melhor é começar logo a adaptarmo-nos ao fuso horário e assim saímos para jantar e para a noite de Havana!

Esta ilha é encantadora e deixa-nos logo apaixonados. É impossível não se deixar levar pelo espírito desta terra: o sol entranha-se na pele, a música cativa-nos, a doçura das vozes prende-nos!

La Habana Vieja, com os seus edifícios lindos, lindos – o Teatro de Havana, o Capitólio, a Catedral de San Cristóbal, o Palácio de los Capitanes Generales, a escola de ballet, o edifício Bacardi, e tantos, tantos outros mais ou menos recuperados, mais ou menos degradados, mas todos lindos!
As palmeiras reais no Parque Central, as praças e avenidas (a Plaza de Armas e o seu mercado), o Malecón ao final do dia, os daiquiris e os mojitos (El Floridita e La Bodeguita del Medio, porsupuesto, tal como o fez Ernest Hemingway!)
A alegria e a maneira de ser dos cubanos (extrovertidos, sociáveis, conversadores, muitas vezes à cata de uma gorjeta dos turistas, mas sempre muito educados) são contagiantes. A música, essa entranha-se no sangue e fica a fazer parte de nós.

Três dias passam num ápice, apetece ficar, mas Santiago de Cuba espera-nos!
O voo até Santiago de Cuba é rápido (cerca de 1h15m), o que nos permite começar cedo a explorar a cidade conhecida como a “mais africana, mais musical e mais apaixonada de Cuba”. É também o “Berço da Revolução” – foi aqui, da Sierra Maestra que heróis como Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Raul Castro avançaram para a vitória da Revolução Cubana.
Um dia é suficiente para ficar a conhecer a cidade e ainda descansar, pelo que no dia seguinte contratamos um táxi para nos levar aos arredores – visita ao Castillo del Morro e a parte do Parque Baconao (respectivamente Património Mundial e Reserva da Bioesfera da Unesco).
O táxi - um velho Chevrolet que mal se arrastava em qualquer subida - não nos permitiu subir até à Gran Piedra (1234 metros altitude), mas o taxista divertiu-nos imenso enquanto conduzia dançando ao ritmo de uma música na rádio ou quando atirava beijos e namoriscava com as mulheres que passavam pelas ruas!

Valeu a pena ir até Santiago de Cuba – pelo descanso proporcionado, pela musicalidade, pela variedade de cores e de raças, pela graça das ruas inclinadas até ao porto, pelo encanto dos fins de tarde, pelo maravilhoso pôr-do-sol no terraço do Hotel Casa Granda com as torres e o anjo da Catedral de la Asunción à nossa frente e a baía de Santiago e a Sierra Maestra ao fundo, pelos mojitos, pelo som de uma salsa ou de outra música qualquer tocada na praça do Parque Céspedes, pelo “viver apenas o momento”!


De volta a Havana, com as formalidades e com uma pequena confusão que a rent-a-car fez com a nossa reserva, quatro horas mais tarde do previsto tínhamos o nosso carro, um mapa das estradas e estávamos prontos a partir à aventura.

De Havana para Cuba Central via Península de Zapata – área de natureza intacta e vegetação tropical luxuriante. Em Guamã visitamos um Criadero de Crocodilos e fizemos um passeio de barco até à Laguna del Tesoro, onde (dizem!) os piratas das Caraíbas escondiam os seus tesouros. Piratas não vimos, mas da típica Aldeia Taína (pré-colombiana) numa das ilhas da Laguna, tivemos oportunidade de ver um belo tesouro – um pôr-do-sol fabuloso!

Ao final do dia começa a nossa primeira aventura – a procura de um local para passar a noite. O hotel mais próximo situado na Playa Larga está fechado para manutenção (estamos no Inverno!). O porteiro/segurança de um restaurante aconselha-nos uma “casa para renta” - casas particulares que têm licença para alojar turistas. Que belo conceito! E assim, embrenhamo-nos num modo mais típico e cubano de viver!

No dia seguinte, retemperados após um excelente pequeno-almoço acabado de fazer na “nossa” casa, fomos até La Laguna de las Salinas – um paraíso para as aves e um delírio para os nossos olhares: por entre as garças, patos, íbis e outras aves, a mancha rosada de flamingos a meio da laguna é de cortar a respiração!
À tarde, descansamos um pouco na Playa Larga o que soube muito bem.

De volta à estrada em direcção a Trinidad, paramos em Cienfuegos (bela baía, bela praça central) para passar a noite (em mais uma “casa para renta”) e voltamos a experimentar os sabores de um “paladar” (casa particular que serve refeições).

Ao pedir indicações para Trinidad à saída de Cienfuegos demos boleia a um cubano – o Yoel. Que maravilha! Indicou-nos o percurso para Trinidad via Sierra del Escambray (em vez de usar a via rápida), levou-nos a uma cascata escondida e fora do percurso habitual de turistas (El Junco, perto de Jibacoa) onde pudemos nadar e ainda almoçamos uma refeição típica (incluindo papas de milho amarelo, plátano frito, inhame, sumo de laranja natural) numa casinha antes da cascata.
Trinidad é uma linda cidade colonial, Património Mundial da Unesco, onde o tempo parece ter parado, com as suas casinhas pintadas em tons pastel, as ruas empedradas, as lojas, as pessoas, a música, o bar Canchánchara (e o cocktail homónimo!).
No dia seguinte lá seguimos para Sancti Spiritus e para mais uma “casa para renta” – cujo dono tinha decidido pintá-la e por isso não podíamos lá ficar “pero no se preocupen ustedes que se quedán en casa de mi mamá!” Lá ficamos, lá aceitamos o jantar que “su mamá” ofereceu, lá tomamos o pequeno-almoço no terraço em frente ao nosso quarto, com vista para os telhados da cidade. Que maravilha! Não sendo tão bonita como Trinidad, Sancti Spiritus tem os seus encantos e aconselha-se como ponto de passagem.

De novo na estrada para ir até Cayo Coco – uma pequena ilha no centro/norte de Cuba onde se acede por uma estrada-passagem pelo meio do mar. Excelentes praias, excelente lagosta no restaurante da praia, mas sendo uma ilha onde não vivem cubanos falta a animação a que já nos habituáramos, pelo que voltamos à estrada e ficamos a pernoitar em Moron. Aqui temos animação e genuinidade para dar e vender! É sábado à noite e todos estavam bem vestidos, arranjados para sair e dançar – fosse no bar do hotel Moron, fosse na rua com aparelhagem improvisada! Animação super contagiante e linda de ver!

No dia seguinte seguimos para Varadero – um pouco de praia, mas o que realmente valeu a pena foi o passeio de barco até Cayo Blanco. O percurso inclui a possibilidade de nadar com golfinhos numa “piscina” no meio do mar e ver uma pequena barreira de coral. Cayo Blanco tem uma praia fabulosa – a melhor de todas as que estivemos em Cuba. Areia branca e tão fina que parece pó, um mar azul-turquesa calmíssimo, enfim um pequeno paraíso (e a lagosta no restaurante estava muito boa!)

Chegamos ao último dia de férias. E desta vez, apesar das raízes que nos prendem e das saudades que nos assolam, a vontade de regressar era menor … o sol, o calor, a música, a dança, a doçura das vozes, o mar, as palmeiras, a salsa, … enfim. Apetece ficar, mas apesar do desejo de evasão, o mundo e a realidade chamam. E haverão outras viagens!
As perspectivas continuam a ser infinitas...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ao acaso ou talvez não!

Marrocos 2005

Viagem ao sabor da aventura (como habitualmente as fazíamos). Com um percurso geral definido, que incluía após aterragem em Casablanca, ida a Maraquexe, trekking às montanhas do Atlas, passagem por Essauiora (antiga Mogador), pelo vale de Dadés, por Merzouga (com uma possível ida ao deserto para ver o pôr-do-sol nas dunas), por Fez, por Rabat e regresso a Casablanca.




Após a aterragem em Casablanca, aluguer de jipe e arranque para Maraquexe onde chegamos pela Palmerie (um oásis de palmeiras a perder de vista que é um excelente cartaz de visita e um bom enquadramento para a cidade).

A cidade rosa fervilha de movimento e, apesar dos 40 graus às 3 da tarde, começamos a nossa exploração … a praça Jna-El-Fná com as suas características barracas de venda de sumo de laranja natural, feito na hora à frente dos clientes (e é tão barato, a 30 cêntimos o copo!), a possibilidade de fazer uma tatuagem/pintura de hena (pinturas associadas a celebrações normalmente conjugais e formas de sedução feminina – quanto mais elaborada e intricada maior a possibilidade de agradar ao elemento masculino), os “tratadores” de cobras com os quais podíamos pousar com a dita cobra para a posteridade de uma fotografia (o susto que eu apanhei, quando ao estar a fotografar um dos elementos do grupo que estava cheio de vontade de pegar na cobra para a fotografia de repente tenho o senhor marroquino a me tirar a máquina da mão e a me colocar com uma cobra também para a foto…ai! Entretanto a dita estava meio dopada pois mal se mexia e era necessário segurá-la bem para dar um ar realista à foto).

A transformação que se vê pelo final da tarde com a montagem das barracas de comida – a cacofonia de palavras em árabe e em francês, o festival de cores e de aromas que nos enche o olhar e o olfacto, a alegria da venda e da negociação para ganhar o cliente (a concorrência é vasta e a oferta também, desde a típica comida marroquina até algumas especialidades mais exóticas).



E no dia seguinte cá vamos nós a entrar numa agência de animação turística para reservar 2 dias de trekking no Atlas com dormida num albergue de montanha! (Quem diria que eu conseguiria convencer este grupo a fazer passeios a pé?!)



…albergue de montanha…aldeia básica…compra de laranjas na “lojinha” da aldeia…o leito seco do rio com imensas pedras de calhau…as nogueiras junto ao rio…a aridez da montanha…as construções que se confundem com a paisagem…o encontro com um aldeão e o seu burro que transportavam "coisas" de uma aldeia para outra…a chuvada que fez e nos deixou todos num pingo, para daí a pouco o sol brilhar novamente, as broas de mel típicas da ilha da Madeira que levei e partilhamos com o guia… a aldeia/retiro no cimo do monte…a vista para o Toubkal no passo da montanha… 



Algo especial e que ficou na memória de todos! Afinal já viajamos juntos há algum tempo e precisamos de actividades diferentes. Foi interessante e abriu-nos perspectivas de outras actividades para as viagens.


Essaouira

Ainda estava a decorrer um Festival de Música do Mundo.
Gostei de Essaouira. Foi um local que me fez sentir em casa. Não sei se foi o porto de pesca, as gaivotas, a muralha ao redor, a arquitectura, a praia, a comida, mas senti-me em casa.
E continuo a perguntar-me de onde me vem à frase: "Essaouira meu amor"?




Deserto - dunas de Merzouga

Tínhamos definido uma possível ida ao deserto para ver o pôr do sol nas dunas. Claro está que, quando se parte à aventura mas se tem um número limite de dias, nem sempre se consegue fazer tudo o que se pensou, pelo que à medida que os dias iam passando, a ida ao deserto parecia cada vez mais distante … quase a ser cancelada.
Não fosse o acaso me ter feito enganar (nesse dia estava eu ao volante do nosso carro de aluguer) no percurso para visitar uma kasbah (construção fortificada que servia de defesa à comunidade). O que nos fez encontrar um marroquino cheio de vontade de ganhar uns trocos como contrapartida de nos mostrar a kasbah e que nos falou do seu primo que tinha uma loja à qual nos convidou para tomar um chá de menta. Primo este que, ao saber que queríamos ir ao deserto, nos indicou outro primo (!) que também tinha uma loja e que organizava viagens ao deserto. E lá nos deu as indicações certas para chegar à loja do primo (que ficava um pouco fora do percurso da cidade).
Eu, cheia de vontade de ir ao deserto, fiz todos os esforços para chegar a tempo à loja do primo do primo …

Ritual do chá (neste dia batemos o recorde, acho que já vamos em 7 ou 8 chás – oferta de cortesia, impensável recusar), ritual de negociar o preço da viagem ao deserto, desconto adicional recebido pelo facto de termos o cartão do primo – “se são amigos do meu primo, são meus amigos”, convite para almoçar no dia seguinte – “e como são amigos do meu primo amanhã quando voltarem do deserto almoçam comigo, vamos ter uma especialidade do Sahara”

E conseguimos! Não vimos o pôr-do-sol nas dunas, mas pernoitamos no deserto, sob um céu onde as estrelas estavam à distância de um braço, a ouvir música berbere tocada e cantada pelos nossos guias, a partilhar uma refeição cozinhada só para nós a quilómetros da civilização.
E quando pediram que cantássemos nós é que foi o bom e o bonito – não temos ninguém com ouvido para a música nem voz para o canto e a nossa geração perdeu o sentido de partilha de sentimentos através da expressão musical espontânea. Desde quando perdemos a tradição de cantar em grupo/família/comunidade para celebrar sentimentos (alegrias, tristezas, despedidas, encontros, amores, nascimentos, mortes)? Em quase todas as culturas era uma forma de estar e estreitar laços comunitários … - a vida nas cidades e perder os laços com as nossas raízes tem destas coisas.
Enfim, o “Malhão, Malhão” e o “Bailinho da Madeira” tiveram de fazer as vezes, com os elementos continentais do grupo a reclamarem (mas como não tinham sugestões, tiveram de pelo menos bater palmas para acompanhar!)

Estava uma noite bonita e a lua ainda cheia fez companhia às estrelas – eu que adoro o reflexo da lua no mar, achei o brilho na areia algo de sublime.
Com demasiado calor para dormirmos na tenda berbere que estava montada no nosso acampamento, os sacos cama por cima de umas mantas foi tudo o que necessitamos para passar a noite. Dormir era o objectivo, mas vindo sabe-se lá de onde (afinal nós nem sabíamos bem onde estávamos) começa-se a ouvir um gato a miar … a meio da noite … no meio do deserto… Deve ser karma, penso eu que adoro gatos! E a muito custo conseguimos dormir aqui e ali, depois de eu ter decidido que mais valia aconchegar o gato no meu saco cama a ver se ele se decidia também a dormir… foi sol de pouca dura, mas proporcionou um breve descanso!

E de manhã, bem cedinho (5:20), lá subimos a duna para ver o nascer do sol. E aqui apercebo-me pela primeira vez do efeito de miragem e de quão enganadora ao olhar é a distância – uma duna que parecia ser algo que em 10 minutos estaria escalada, demorou 30 minutos a subir. Mas vale bem a pena. O nascer do sol é deslumbrante! Assim como deslumbrante é a cor da areia quando batem os primeiros raios de sol – passa-se de uma cor acastanhada mortiça para um vermelho dourado que nos faz acreditar em milagres.
Ah, o nosso amigo gato fez questão de nos acompanhar ao cimo da duna (o que foi bom, pois depois de muitas escorregadelas apercebi-me que o gato sabia o melhor caminho para não derrapar!)

Descida para o acampamento, tomado o pequeno-almoço (com chá de menta, é claro!), desmontar o acampamento, guardar os sacos cama e preparar-nos para viagem de regresso antes que o sol se torne demasiado quente para a travessia.

Impressionante como as dunas parecem todas iguais, sem um ponto de referência no horizonte que nos permita situar geograficamente (“os camelos conhecem o caminho” diz-nos o guia a rir).
 
O percurso de volta traz-nos à estalagem onde tínhamos deixado a bagagem e onde deixamos o gato trazido do deserto por um dos guias. (a responsabilidade em não deixar o animal no deserto foi mais uma lição para a indiferença generalizada para o que se passa à nossa volta… cada acção individual tem consequências…)

Regresso à loja do primo que nos faz uma pequena visita guiada à “Medina” – acabamos por descobrir que ele é a pessoa mais importante daquela pequena aldeia!
O almoço chega (foi cozinhado no forno comunitário e ainda traz a etiqueta com o nome da família para identificação - que delicioso!), é estendido um dos tapetes que está à venda no chão da loja, somos informados que temos de tirar os sapatos, sentamo-nos no tapete, a refeição é colocada a meio, são retiradas peças de louça da loja especialmente para nós (apercebemo-nos que a comida deveria ser comida à mão) – uma “pizza do Sahara” – uma espécie de empadão de carne temperado com picante, muito bom. A acompanhar chá de menta, pois claro. E melancia para sobremesa que foi muito refrescante depois do picante do empadão. 
Que mais pode uma alma nómada desejar?  
Um outro feliz acaso?

Perspectivas ao acaso? Quem sabe…

… o que irá sair daqui.
A ideia inicial era fazer um blogue sobre viagens e fotografias (as minhas viagens, as minhas fotografias), mas os nomes em que pensei para dar um título ao blogue já estavam escolhidos, pelo que entretive-me a brincar com possíveis sinónimos e acabei por chegar a este “Perspectivas ao acaso”.

Perspectivas, pois o que são viagens, o que são fotografias, senão perspectivas de uma realidade vista por alguém num determinado momento sob um determinado ângulo?
Ao acaso, pois as melhores são aquelas que, sendo ou não planeadas, deixam espaço e tempo para nos surpreender com algo imprevisto.

E assim irão ganhando forma, estas minhas perspectivas ao acaso.
E irei colocar cá as minhas impressões das viagens, as minhas fotografias, as minhas perspectivas.
Ao acaso ou talvez não!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Perspectivas e acasos...

perspectiva (èt)perspetiva (èt)*
s. f.
1. Arte de figurar no desenho as distâncias diversas que separam entre si os objectos!objetos representados.
2. Pintura no fim de galeria ou de alameda de jardim para iludir a vista.
3. Aspecto!Aspeto dos objectos!objetos vistos de longe.
4. Panorama, vista.
5. Aparência.
6. Esperança.
7. Receio.
8. Previsão.
ter em perspectiva!perspetiva: esperar, contar com, ter como provável, obter.

acaso *
s. m.
1. Ocasião imprevista que produz um facto.
2. O que acontece fortuitamente.
adv.
3. Quem sabe se?
4. Casualmente.
5. Talvez.

* in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Perspectivas ao acaso? Quem sabe...